
Um novo levantamento analisou os hábitos digitais de pessoas na América Latina, abordando desde o uso de senhas e aplicativos até a proteção contra fraudes, inteligência artificial e segurança no ambiente corporativo.
Nos últimos anos, crises sociais, econômicas e sanitárias impulsionaram uma rápida digitalização da vida cotidiana. Ainda assim, grande parte da população e das empresas da América Latina enfrenta dificuldades para compreender e adotar práticas seguras no ambiente digital.
Com o objetivo de atualizar esse panorama, a Kaspersky promoveu, no fim de 2024, o estudo “Linguagem Digital 2024”, investigando o comportamento digital dos latino-americanos. A pesquisa abrangeu tópicos como senhas, aplicativos, prevenção de fraudes, uso de inteligência artificial e segurança no trabalho.
O que mudou desde 2020?
Mesmo com o avanço da tecnologia e da presença digital no dia a dia — especialmente com o crescimento da inteligência artificial —, muitos hábitos inseguros persistem. Um exemplo é o tempo que crianças passam jogando online, algo que aumentou durante a pandemia e continua em alta.
Entre os adultos, práticas arriscadas também seguem comuns: muitos ainda desativam sistemas de proteção para baixar arquivos ou acessar sites bloqueados. Outro ponto preocupante é o armazenamento de documentos importantes na nuvem, muitas vezes sem as devidas camadas de segurança.
Por outro lado, há avanços positivos. Mais pessoas estão atentas a possíveis fraudes: hoje é comum checar se um site é legítimo verificando o endereço (URL), além de observar ícones de segurança como o cadeado no navegador ou usar ferramentas de verificação online.
Principais destaques da pesquisa
A seguir, os dados mais relevantes do estudo realizado pela consultoria CORPA no terceiro trimestre de 2024. Foram entrevistadas 1.559 pessoas com idades entre 18 e 55 anos, em quatro países: Brasil, Colômbia, México e Peru.
1. Fake News
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O Brasil lidera em conhecimento sobre notícias falsas: 96% dos entrevistados afirmam saber o que são fake news. Colômbia (68%), México (67%) e Peru (51%) vêm na sequência.
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Mais da metade dos brasileiros, mexicanos e peruanos dizem conseguir identificar uma notícia falsa; na Colômbia, esse índice é de 50%.
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As redes sociais são a principal via de disseminação de fake news, seguidas por grupos de mensagens e sites. Jornais impressos são os menos citados.
2. Golpes por e-mail, mensagem ou site falso
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A maioria reage com cautela diante de mensagens suspeitas: prefere apagar, ignorar ou entrar em contato direto com a instituição envolvida.
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Poucos clicam nos links para descobrir do que se trata — uma tendência positiva.
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A verificação de sites geralmente ocorre pela análise do endereço (URL) e pelo uso de indicadores como o cadeado no navegador ou ferramentas de segurança.
3. Segurança no ambiente de trabalho
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Usuários que utilizam dispositivos corporativos para fins pessoais reconhecem os riscos, como a exposição a links maliciosos.
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As atividades mais comuns nesses equipamentos incluem acesso a redes sociais, compras online, consultas bancárias e uso de ferramentas de IA.
4. Inteligência Artificial
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Os principais receios em relação à IA envolvem seu uso em golpes, na disseminação de fake news e na exposição indevida de dados pessoais.
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Quando questionados sobre quais dados aceitariam compartilhar com ferramentas de IA, os entrevistados mencionaram preferências de filmes, músicas e uso de redes sociais. Já o compartilhamento de conversas telefônicas foi amplamente rejeitado.
5. Troca de senhas
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Mais da metade dos participantes precisou atualizar suas senhas por motivos de segurança nos últimos seis meses. O Peru (80%) e a Colômbia (72%) apresentaram os maiores índices.
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No ambiente corporativo, um terço dos funcionários só mudou suas senhas quando a empresa exigiu.
Conclusão
O estudo “Linguagem Digital 2024” traça um panorama atual dos hábitos digitais na América Latina. Embora haja avanços, como o maior cuidado com fraudes e o reconhecimento de fake news, os dados mostram que ainda há muito a evoluir em termos de educação digital e conscientização sobre segurança online. A partir dessas informações, torna-se possível identificar os principais desafios e trabalhar em soluções que protejam tanto usuários quanto empresas diante das crescentes ameaças cibernéticas.
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